30 janeiro, 2009

Tétrico

Jogo tetris no meu quarto com livros, caixas, roupas e outros fascículos de meus dias passados. Tudo muda, a poeira respira e se reassenta, de uma prateleira espanada para a outra. Dificilmente qualquer outro que comparasse sua visita de ontem com o novo cenário de hoje poderia notar os sutis aprimoramentos. As engrenagens do meu relógio cotidiano começam a mover-se enquanto minhas mãos ditam o pulso das rotações.
Não encontrei espaço para suas cartas - você sempre foi indecifrável.
Não há muito espaço para mim, tampouco, entre meus pertences.
É, construí uma bela cela ao meu redor, com grades de papel que eu temo rasgar.
Seria uma ótima pira fúnebre, não fosse o frio predominante que afasta qualquer possibilidade de uma chama, uma paixão, uma verdadeira mudança que supere arrumações corriqueiras.